O poder do passado

Certo dia , um dos sócios da empresa onde trabalho relatava uma de suas viagens de negócios e desta vez ele contou que havia ido a um restaurante alemão na Suécia e e ao entrar no estabelicmento fez uma saudação nazista aos outros executivos alemães. A brincadeira , que pode ser considerada de mau gosto por trazer a tona um passado que toda a Europa tenta apagar , silenciou o restaurante inteiro : cessando os barulhos ocasionados pelos talheres, das conversa e atraindo os olhares pasmos de todos os frequentadores do local.
Após algum tempo , eu estava com alguns amigos em um bar em São Paulo e os assuntos abordados na mesa eram diversos e se estendiam de ocorridos do dia a dia até os temas mais filosóficos . Assim após algumas horas a conversa na mesa convergiu para doenças incuráveis , em especial o HIV , e não tardou muito até que uma pessoa que fazia parte da mesa assumir ser portadora da doença e conviver de forma feliz com ela por um período longo de tempo e assim o resultado com tal declaração foi a mesma do primeiro caso : todo o bar parou !
Estas duas declarações de certa forma me chocaram , a segunda de forma mais aguda por fazer-me lembrar de parentes vítimas do câncer e do tempo em que era proibido citar o nome da doença na presença deles. Eu ás vezes penso sobre o porque de certos assuntos chocarem tanto as pessoas , inclusive a mim e certas coisas do meu próprio passado ainda me afetam : acontecimentos da minha infância e adolescência que causam dor e me silencia quando vêm a tona.
Concluo tudo isso acreditando que damos um grande valor aos fatos , agora será que estes fatos possuem tanto valor ? Terá uma doença , como o câncer ou a Aids tanto poder sobre uma pessoa , impedindo-a de levar uma vida normal ? Terá um passadotanto poder sobre um indivíduo ou povo ao ponto de afetar o presente ?

Suicídio

Nestes último dias eu li uma reportagem a respeito de Suicídio e nas entrelinhas estava uma citação do Santo Agostino que condenava este ato com base no mandamento da Biblia " Não matarás " , visto que este trecho aplica-se não somente ao ato de matar ao próximo mas também a si mesmo e por fim ele conclui seu pensamento considerando o suicidio como um gesto que extingue não somente o indivíduo mas também a sua fé , que é chave para a vida póstuma de todo o ser humano.
A verdade é que tudo isso trata-se apenas da visão cristã sobre o tema , sendo que em outras culturas o suícidio é visto de forma distinta , chegando a ser considerado até mesmo como um ato para defesa da honra , como o " seppuku " japonês , que é tomado por políticos , empresários e diversas camadas da sociedade como uma forma de saída de uma situação desperadora , visando também limpar o nome da familia ou do Estado. Isso sem citar os suicídios cometidos em virtude a atos terroristas , como podemos ver em algumas culturas do Oriente.
O que eu ás vezes questiono é justamente a condenação do suicídio , o que adianta a extensão do sofrimento até um final que não pode ser alterado ? Será a luta e a fé em vão uma valorização do sofrimento ?
Há sempre quem considere o suicídio uma atitude egoísta perante os sentimentos dos entes queridos , no entanto também me soa igualmente egoísta querer o sofrimento de um indivíduo cujos os limites exigem um basta a dor.

O mundo de Andy (Man on the Moon)

O Filme " Man on the Moon " retrata a vida de Andy Kauffman : um comediante excêntrico que fez muito sucesso no programa Saturday Night Live , dono de inúmeros personagens e também de uma estranha obsessão que consistia em querer tornar-se o maior artista do mundo . O humor de Andy era composto de irônias a outros artistas , pegadinhas com a platéia , lutas contra mulheres , falsas histórias e inúmeras atrações capazes de provocar risos e ao mesmo tempo raiva aos expectatores.
Houve uma época que diante de tantas trapaças e tramas de Andy Hauffman , tanto a impressa quanto muito de seus amigos chegaram a questionar a sua sanidade mental e a suas atitudes também o conduziram ao ostracismo ,como por exemplo a exibição de peças provocativas onde Andy lia durante horas diversos romances quando na verdade o público havia pago para assistir a um show de humor . A verdade era que apesar de ser um showman , Andy era uma pessoa absolutamente reservada , de grande profundidade ,tornando-se enigmático por muitas vezes e na única ocasião em que realmente se expos ao público, quando assumiu ter um câncer de pulmão , poucos o levaram em consideração em virtude de seu histórico .
Além da história , que é magnifíca , pode-se salientar o show de interpretação de Jim Carrey e a direção de Millo Forman que soube dar tons , em dose certa , de comédia e drama a esse maravilhoso longa.

A insustentável leveza do ser

Nada é definitivo e fatos e sentimentos se alternam por um período indefinido : hoje você se sentirá bem , trazendo consigo um sorriso no rosto e conseguirá o que mais deseja porém um dia você irá experimentar a tristeza e o sabor amargo da derrota e assim esses polos irão se repetir pelo resto de sua existência. Assim segue a vida , em movimentos que irão ocorrer de forma extramemente similar aos antériores como a própria História nos mostra , bastando apenas conhece-la para chegar a tal conclusão.
Posso parecer demasiadamente cético ou pessimista ao escrever tudo isso mas o que tento expor é a renovação da vida , cuja as fatalidades e acontecimentos indesejados se fazem necessários para que o ser humano atinja o crescimento e busque evoluir para novamente atingir o prazer , concretizar seus desejos e sentir a felicidade . Quantos aos relacionamentos , esses também possuem um caráter repetitivo marcado com emoções, ações e sentimentos similares aos anteriores , mudando apenas a pessoa que os desperta.

Diante disto tudo nos resta adotar a indiferença a dor como medida para nos tornarmos fortes e fazer do amor fati ( amor ao destino ) um lema a nos conduzir a leveza e assim seguir uma vida autêntica criando nossos próprios valores. Surge agora a questão : E o peso ?

O peso encontra-se no comprometimento da liberdade para uma situação qualquer , como por exemplo um índividuo cujas as ações são tomadas pela obrigação , desprovida de qualquer prazer ou satisfação e assim ele sente o fardo , podendo chegar ao limite de se questionar se vale a pena carrega-lo ou não . A própria fidelidade dentro de um relacionamento amoroso pode tornar-se um peso , exatamente no ponto em que esta deixa de assumir um carater natural e passa a ser sustentada pela força do comprometimento que fazemos aos nossos parceiros .
Enfim , sentimentos de dor e felicidades irão se complementar e se alternar como faces da realidade, cuja a falta de objetividade ou finalidade é o que torna esta alternância infinita.

Pequenas Contradições

Nestes últimos dias presenciei uma cena inusitada : estava eu caminhando pela rua quando passei em frente a um templo religioso e eis que surge um rapaz embriagado sendo expulso a tapas e ponta pés pelo sacerdote e os frequentadores daquela instituição e o curioso era que aparentemente tais atos violentos seriam uma resposta ás críticas feitas pelo bebado á religião durante o culto . E diante desta cena caí em pensamentos , recordando-me dos tempos em que eu frequentava uma igreja e desta época viera a lembrança de um ensinamento de Jesus que pregava oferecer a outra face perante um tapa .
Oferecer a outra face não se trata justamente de uma resposta a uma agressão física e sim o corte de consequências maléficas , o que em outras palavras , significa que a supresa do agressor ,que esperava de sua vítima resistência ou fuga , acaba por provocar confusão e vergonha e o obriga a refletir sobre o fato e consequentemente sobre suas atitudes , gelando a raiva e colocando fim ao conflito. A verdade é que está difícil remover a lembraça do bebado sendo expulso da igreja a base de princípios que a própria religião condena como a antiga lei de talião ( Olho por olho , dente por dente ).
A realidade dos anos frequentando a igreja fizeram da contradição existente entre a ideologia cristã e as atitudes da maioria das pessoas que a segue uma evidência que mescla desconhecimento da própria religião e falta de consciência , o que ás vezes me parece dar razão a uma frase muito conhecida do filósofo Nietzsche a qual dizia que o envagelho havia morrido na cruz .

Masoquismo e Sadomasoquismo.

Recentemente assiti um filme a respeito do Marquês de Sade , cujo o nome originou um termo muito conhecido entre nós : o sadismo . Indivíduos sádicos são aqueles que sentem prazer em provocar dor e humilhar seus parceiros durante o ato sexual e a descrição de tais ações por Sade , trancafiado dentro de um hospício por idéias e práticas nada comuns , escandalizaram toda a sociedade de uma época em que o moralismo pregado pela igreja exercia grande influência no cotidiano das pessoas .
Outro termo bastante conhecido mas absolutamente oposto ao sadismo é o masoquismo , cuja a denominação refere-se ao ato de ter prazer ao sentir dor corporal durante a relação sexual e sinceramente achei curioso este filme porque através dele cheguei ao questionamento destes dois termos que até então pareciam-me sinônimos . E também fez-me indagar a respeito de pessoas que não somente sentem prazer na dor física , na humilhação e dominação durante o ato sexual mas também na dor sentimental .
Posso citar áquelas pessoas que muitas vezes sofrem agressões físicas ou verbais dentro de um relcionamento e no entanto insistem em leva-lo a frente ou insistem na escolha de um carrasco ao invés de um parceiro . Seriam esses carrascos os sadomazoquistas sentimentais ?
Tudo isso me veio em mente e eu nem sei porque , na verdade sei mas teimo em camuflar por vergonha em assumir isso . A verdade é que me agrada e muito ter grandes decepções ou perder por completo a esperança em alguma coisa , talvez essas atitudes residam no fato que posteriormente a uma grande dor , qualquer pequeno acontecimento bom possa assumir grandes dimensões e também porque algumas decepções estão inseridas a um fetiche ao qual não pretendo comentar nem mesmo aqui , por certa censura que faço a mim mesmo e pelo fato de desconhecer sua origem ou motivo .

Parar nunca !

E foi no Shopping Santa Cruz , aguardando uma amiga para ir ao cinema que me veio o seguinte pensamento : será que tudo termina quando conquistamos o que desejamos ?
Tudo se inicia no jardim de infância e tem como término uma faculdade , fazendo-o acreditar que subir num palco e receber um certificado equivale a um ponto final nos estudos e a garantia de ser um profssional mas será que isso é uma verdade ou apenas uma ilusão ?
A verdade é que não me doeu muito a queda sofrida , talvez porque diferentemente dos meus colegas de faculdade , nunca tenha me entitulado Engenheiro , sendo tudo isso advindo de um pensamento intuitivo e que veio a se confirmar quando entrei no mercado de telecomunicações , senhor de um dinamismo que assusta e capaz de puxar qualquer "Dom Quixote " para a realidade , mostrando-lhe que nunca se deve parar pois do contrário você poderá se tornar um profissional decadente e dono de uma teoria , absorvida na vida acadêmica , de pouca utilidade na para o cotidiano e talvez resida aí os motivos de muitas das minhas aulas de Engenharia terem sido tão abstratas ( a maioria dos professores estava fora do mercado há muito tempo... ).
E tais pensamentos se estenderam diante de outras conquistas como namoros, que tiveram grandes desgastes , justamente por pura desatenção de minha parte e também de amizades, cujos os laços foram definitivamente rompidos devido ás palavras duras proferidas num momento de discussão ou gestos inconsequêntes , frutos da ilusão de que o laço é forte o suficiente para tudo suportar . Não existe um fim e sim o cultivo diário necessário para quem quer sempre manter aquilo que conquistou ao seu lado ...